*Li certa vez um poema de um poeta inglês, e uma frase dele marcou-me muito:
«Seja como a fonte que transborda, e não como o tanque, que contém sempre a mesma àgua.»
Achei sempre que ele estava errado: era perigoso transbordar, porque podemos acabar por inundar áreas onde vivem pessoas queridas, e afogá-las com o nosso amor e o nosso entusiasmo. Então, procurei comportar-me a vida inteira como um tanque, nunca indo além dos limites das minhas paredes interiores.
Acontece que, por alguma razão que nunca entenderei, tive a sindrome do pânico. Transformei-me exactamente naquilo por que tanto lutara para evitar: numa fonte que transbordou e inundou tudo ao meu redor.
Depois de curada, voltei para o tanque, e conheci-vos.
Obrigada pela amizade, pelo carinho, e por tantos momentos felizes. Vivemos juntos como peixes num aquário, felizes porque alguém deitava comida na hora certa, e nós podiamos, sempre que desejávamos, ver o mundo do lado de fora, atraves do vidro*